SOMBRAS DESIGUAIS



Às vezes nos sentimos à sombra de outras pessoas maiores que nós. Mas, às vezes, em casos quem sabe um tanto mais conflitantes, a sensação é de estar à sombra de si mesmo, e de tudo o que um dia sonhamos, porém não alcançamos. Este, é um simplório poema sobre isso, ou não.



Não é ausência de luz

Tampouco sua posição

Porquanto mesmo iluminado

Sou vítima de certa escuridão.

 

Reconheço meus erros

Desconheço a forma de acertar

Todas as minhas tentativas foram a esmo

Não adiantou a prática do acreditar.

 

Como um cego sem tato

Sem faro ou audição

Eu me lanço, e me perco

Num labirinto de meios

Onde fins não refletem a solução.

 

Às vezes sinto o calor

Chego a imaginar um torpor

Inebrio-me numa fé estéril

E então perplexo

Recebo outro amplexo da dor.

 

Por que isso ainda importa?

Por que não consigo simplesmente esquecer?

Quanto mais insisto em vencer

Mais frustrado se torna este Querer.

 

Sou palavras e versos

Todos sempre sinceros

E, mesmo assim...

A vida persiste em mentir para mim.

 

Eu já desisti de tentar entender

Contentar-me-ia em tão somente viver

Porque não é como se parece

Sempre busca sorrir quem mais se entristece.

 

Não sou o sonho que desde a infância gerei

Não sou a realidade do mundo que criei

Não sou capaz de abrigar a paz

Pois todos os meus inícios foram abreviados em finais

Não sou completo, e irrequieto

Apenas contemplo os meus restos

E suas sombras desiguais.


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